Assisti, mais uma vez, ao já clássico Interestelar, do inglês Christopher Nolan. É filme para ser revisto por quem não domina a ciência como um estudioso da área — física, astronomia — e aproveita, desse modo, para tentar, mesmo que superficialmente, compreender aspectos técnicos acerca de buracos negros, velocidade da luz, gravidade, espaço-tempo e buracos de minhoca. Se não compreende, não importa: a diversão fala mais alto. Há, claro, o aspecto que me chamou a atenção e que me faz rever o filme, sempre que possível: a relação pai/filha. E dentro desse aspecto, a ideia de que somente o amor e a gravidade são ferramentas capazes de atravessar as dimensões.
Tudo no filme funciona: desde a tragédia provocada pela burrice humana, que despreza a fragilidade que ela própria causou ao ambiente, até os toques de bom humor na relação entre ser humano e robô. O retorno a uma sociedade agrária faz com que o mundo esqueça os exércitos, a ciência e o entretenimento. O que vale é produzir alimentos para amenizar o desespero provocado pelo iminente fim do mundo. Vale, por isso, tentar encontrar um novo lar para os habitantes da Terra condenada, que sufoca por conta por conta da estranha e densa poeira cotidiana provocada pela irresponsabilidade dos homens.
Interestelar é, no fundo — e no raso também —, uma história de amor e preservação. É o pai que, ao perceber o interesse da filha de 10 anos por ciência, estimula-a a buscar respostas, a avaliar as possibilidades, a enxergar o que não está evidente. É ele quem terraplena o terreno inicial pelo qual ela vai transitar até chegar, com o próprio talento e esforço, à resposta que salvará a humanidade. É o amor que ele sente por ela — e que é recíproco — que estabelece a comunicação dimensional, o diálogo que ultrapassa qualquer barreira temporal. Não há como não se emocionar quando pai e filha se encontram.
Gosto de filmes de ficção científica. Escrevi sobre o meu preferido: O dia em que a Terra parou, de Robert Wise, feito há 74 anos. AQUI você pode ler, caso queira. É um filmaço: aventura, filosofia, pacifismo e pavor de que uma sociedade mais avançada faça conosco o que fazemos com os animais. Há uma refilmagem, de 2008, com Keanu Reeves e Jennifer Connelly que é melhor deixar pra lá. E por falar em mulher bonita, em Interestelar há a presença de Anne Hataway — que é, claro, uma belezura de aplaudir. Se você não gosta de ficção científica, assista ao filme para vê-la, ao menos.