Creio que escrever sobre futebol – e ainda mais comemorar algo relativo a ele – esteja um pouco fora da ordem do dia. É provável e possível. Pandemia, desgoverno, racismo e fake news são assuntos mais atuais. Deixo temporariamente de lado para ilustrar os 50 anos do tricampeonato mundial no México – na verdade, a primeira Copa do Mundo de que me lembro, quando tinha oito anos. A partir de então, acompanhei todas as outras, mas torci pela seleção brasileira nos torneios de 1974, 1978. Depois, nunca mais. Qualquer dia conto os motivos, se houver interesse.
Mas eis o que eu queria dizer: as imagens da Copa no México são repetidas à exaustão. Poucos desconhecem os lances mais emblemáticos, como este, abaixo:
Sim, é o drible de corpo que Pelé impôs ao goleiro uruguaio, na semifinal. Ladislao Mazurkiewicz, filho de poloneses, era um dos melhores arqueiros do mundo. Foi humilhado pelo jogador mais ofensivo do futebol, mas contou com a sorte. A bola, ao final da jogada, não entrou. Não sei se você – que está lendo – sabe, mas essa jogada inspirou um romance intitulado O Drible, do mineiro Sérgio Rodrigues. Vale ler.
Outra imagem, também repetida: o cabeceio do mesmo Pelé, contra o gol inglês, defendido espetacularmente pelo melhor goleiro da época, Gordon Banks. O interessante é que por 50 anos deu-se, justificadamente, muito valor à defesa, tida como a mais difícil das copas, daí eu privilegiar o instantâneo do cabeceio, da impulsão.
Pois é. Gerson, o melhor meia que vi jogar, fez apenas 1 gol naquela copa – e justamente na final, contra a Itália. Um chute poderoso, de canhota, que venceu o goleiro Albertosi. Ok, ok: o time da Itália estava cansado, afinal participara, poucos dias antes, do chamado Jogo do Século, ao vencer, na semifinal, a Alemanha por 5 a 4. Sinceramente? Se a Itália tivesse dormido uma semana, mesmo descansada não venceria o Brasil. Eis o chute de Gerson, visto num ângulo pouco difundido:
Agora imagine um centroavante que só tenha feito 2 gols: ambos contra o Peru, partida em que o Brasil venceu por 4 a 2. Pois é: Tostão, camisa 9, era ponta-de-lança no grande Cruzeiro do início dos anos 1970. Fez vários gols nas Eliminatórias, e no México, além dos gols citados, foi fundamental nos jogos contra o Uruguai e contra a Inglaterra. Um gênio absoluto no gramado.
A Copa de 1970 foi meu début. A partir de então, passei a apreciar o futebol, acompanhei a Copa de 1974, com 12 anos e lendo exemplares da revista Placar. Assisti à potência argentina em 1978 até chegar em 1982 quando, por questões políticas, passei a torcer contra. Uma bobagem que fica para a próxima, coisa de universitário de 20 anos que considerava futebol alienação. Repito: bobagem. Por quanto, eis mais algumas imagens:
Sim, há 50 anos.