O melhor do Canadá

Meu sogro e minha sogra ficaram quase um mês no Canadá, a passeio. Pasmos com a eficiência política do país e com a funcionalidade que somente as nações civilizadas proporcionam, voltaram ao Brasil com certo desânimo – aplacado, somente, por conta das inexoráveis saudades dos filhos e, principalmente, das netas. Enfim, não é sobre família que quero falar, mas sobre o que de melhor o Canadá enviou ao mundo: Oscar Peterson e The Band. Claro que haverá quem pergunte: e Joni Mitchell, Neil Young, Alanis Morissette, Michael Bublé? E Justin Bieber? Isso contando só com gente ligada à música, porque Alice Munro, Michael Ondaatje e, claro, um dos meus críticos literários preferidos, Northrop Frye, estão entre os grandes artistas daquele país.

The Band acompanhou Bob Dylan por 2 anos. Só esse dado já qualificaria o grupo formado por Robbie Robertson (guitarra), Rick Danko (baixo), Garth Hudson (teclados), Richard Manuel (piano) e Levon Helm (bateria), quase todos canadenses (Helm é americano). Conheci o grupo quando, em 1984, ganhei de presente o álbum triplo The Last Waltz, e desde então passei a tentar comprar tudo o que existia do grupo, incluindo o documentário homônimo do Scorsese – que hoje possuo, em devedê. Não, eles não fazem exatamente rock, nem exatamente folk – mas uma mistura muitíssimo bem equilibrada dos dois. Você pode observar em Up On Cripple Creek, logo abaixo.

E Oscar Peterson? Bem, o que posso dizer é que é um dos maiores pianistas do jazz. Para muitos, é seu maior virtuose, a excelência pianística em pessoa, o gênio das teclas. Tenho oito discos dele, e nenhum deles tem sequer uma faixa a qual posso chamar mediana. Acompanhou a Santíssima Trindade do Jazz Vocal: Ella, Billie e Carmen McRae; fez o mesmo com os saxofonistas Charlie Parker, Coleman Hawkins, Lester Young e Stan Getz. Quer mais? Dizzy Gillespie, Freddie Hubbard e Clark Terry disputavam-no a tapas – mas ele sempre preferiu Roy Eldridge. Se você aceita dicas de discos, aí vai: ouça West Side Story, Oscar Peterson Plays Duke Ellington e um dos grandes discos ao vivo que conheço: Live from Chicago.

O vídeo abaixo, com mais de 80 minutos de jazz no ponto mais alto, mostra Oscar Peterson em plena forma, expondo aos escandinavos o que há de melhor no gênero. Shows na Suécia, na Dinamarca e na Finlândia, entre 1963 e 1965. E um escrete acompanhando-o: Ray Brown, no baixo; Ed Thigpen: na bateria; Roy Eldridge no trompete, e Clark Terry, tocando trompete, flugelhorn. Quando tiver tempo, veja o vídeo todo, e entenda por que devemos tanto ao Canadá.

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Francisco Grijó

Francisco Grijó, capixaba, escritor, professor de Literatura Brasileira. Pai de 4 filhas.

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