As parcerias do Lobo

Este rapazola abaixo chama-se Edu de Góes Lobo, mas você deve conhecê-lo sem o “de Góes”. Na foto, ele tem 24 anos e já não era mais uma promessa na música. Amadurecido (apesar da pouca idade), tinha composto ao menos dois grandes discos – um deles em companhia de uma cantora baiana que se tornaria, para muitos, a maior cantora brasileira: Maria Bethânia. O outro disco, feito quando ele tinha apenas 22 anos, chama-se A Música de Edu Lobo por Edu Lobo, seu primeiro LP, com a participação do Tamba Trio, grupo capitaneado pelo genial pianista Luiz Eça. Estou, neste momento em que escrevo – um sábado chuvoso -, ouvindo Reza, a faixa número 7. AQUI você ouve o disco inteiro.

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Dia desses ouvi – não me lembro exatamente quem falou – que o melhor parceiro de Chico Buarque era Francis Hime. É algo a se discutir, afinal o compositor carioca criou obras-primas com Vinícius de Moraes, com Ruy Guerra, com Tom Jobim. Tem canções esparsas com Toquinho, com Gilberto Gil e com Milton Nascimento. Fico eu, no entanto, na dúvida: e quanto a Edu Lobo? Com ele, Chico fez três discos antológicos: Dança da Meia Lua, O Grande Circo Místico e O Corsário do Rei. Há também Cambaio, sobre o qual tenho algumas reservas. Com nenhum desses outros parceiros citados Chico Buarque fez um disco inteiro, temático, absoluto.

Mas nem só de Chico vive Edu Lobo. Capinam e Vinicius de Moraes entram no rol de grandes parceiros. Com o poetinha, compôs Arrastão, canção que catapultou a carreira de Elis Regina, há quase 60 anos. Não precisaria fazer mais nada, mas fez, entre outras, Canção do Amanhecer, Zambi e Samblues do Dinheiro. Com o poeta e letrista baiano José Carlos Capinam fez o clássico Ponteio, que venceu o maior de todos os festivais da canção: o de 1967. Podia, então, aposentar-se, mas, juntos, fizeram mais: Cirandeiro, a magnífica Viola Fora de Moda, e ainda Limite das Águas e Rosinha.

Edu Lobo é um artista genial. Para mim, está entre os 5 grandes: ao lado de Gil, Chico, Caetano e Tom Jobim. É um arranjador de primeira, um violonista hábil, um harmonista tarimbado, um cantor afinadíssimo e praticamente não tem rivais quando o assunto é melodia. Lamentavelmente é pouco conhecido pelo público mais jovem, que faz escolhas – a meu ver! – duvidosas. Enfim, se alguém com menos de 30 anos ler esta postagem, que fique registrado: fiz minha parte, minha obrigação. Essa é minha parceria com você, Edu!

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Francisco Grijó

Francisco Grijó, capixaba, escritor, professor de Literatura Brasileira. Pai de 4 filhas.

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