O mexicano Carlos Santana faz 70 anos, hoje, dia 20 de julho. A revista Rolling Stone classificou-o entre os 20 melhores guitarristas de todas as épocas. Listas, embora divertidas, são quase sempre discutíveis. Incluo aí as minhas. Colocar, todavia, Keith Richards e George Harrison à frente de Santana ultrapassa a seara da diversão e estabelece seu contrário: é quase melancólico ver este grande músico fincado numa posição que não lhe faz justiça – e abaixo de guitarristas que, a despeito de fazerem bem o dever de casa, não possuem o quilate do mexicano.
Certo, certo. Uma postagem como essa deve servir apenas a um propósito: as congratulações a esse espetacular artista, que a mim foi apresentado através de Abraxas, um discaço cujo exemplar em vinil mantenho na memória e na prateleira. Mas o que faz de Santana um guitarrista tão especial? Creio que cada um tenha seus motivos, mas o que me impressiona em Santana é o mesmo que estatela ao ouvir Miles Davis: a fusão de gêneros e, principalmente, o equilíbrio entre eles. O jazz, o funk, o blues, o rock, os ritmos cubanos, africanos, a herança mexicana – tudo se misturando numa sopa que até os puristas mais ortodoxos são capazes de provar. E gostar, porque tal sopa é saborosíssima.
Mas meu disco preferido não é obra de estúdio – e sim ao vivo, ao lado de Buddy Miles, ex-baterista da banda de Jimi Hendrix. Na cratera do vulcão Diamond Head, no Havaí, durante o Sunshine Festival, em 1972. É um som absoluto, musculoso, lisérgico, com a força sonora que faz jus ao local onde é produzida. É como lava fumegante descendo sobre a cabeça de quem ouve. Não, não estou exagerando. Mas não espere a barulheira nem os exibicionismos do heavy metal. É som de verdade, e com destaque para a pegada funky em Evil Ways, ponto altíssimo de um disco de cumes.
Na web há inúmeros shows completos de Carlos Santana. Se tiver interesse, é só clicar AQUI, AQUI e AQUI. Este último, em companhia de John McLaughlin. Eis a homenagem aos 70 anos desse grande artista.