O mundo preocupado com pandemia e você falando em jazz, Grijó? Pois é. Serve como alento – meu, principalmente. Mas vamos lá: dando continuidade à série O Melhor do Jazz:
Quem é o melhor pianista do gênero? Posso enumerar um grupo de 20 e eu mesmo ficar na dúvida de quem é melhor do que quem. Exemplo? Bud Powell é melhor do que Thelonious Monk? Art Tatum tem mais valor musical do que Earl Hines? Quem emociona mais? Bill Evans, Oscar Peterson, Herbie Hancock, Sonny Clark ou Ahmad Jamal? Quem é mais técnico que Duke Ellington? Quem difundiu mais o gênero do que Dave Brubeck? E McCoy Tyner, Horace Silver, Lennie Tristano, Erroll Garner, Tommy Flanagan, Hank Jones, John Lewis, Bobby Timmons? Vou deixar de fora Red Garland, Count Basie, Wynton Kelly, Ray Bryant, Phineas Newborn, Elmo Hope, Joe Albany? E só estou citando aqueles de quem me lembro imediatamente, sem consultar Gúgol ou arredores. Esqueci uma penca, tenho certeza.
Vou, entretanto, arriscar escolher 5, não mais que 5. Como já disse em outras postagens da série, aqui, neste blogue, qualquer lista sofre do mal que carregamos desde que nascemos: a subjetividade. Sem ela, enumerar os melhores (ou piores) cairia por terra, e a diversão (listas nada mais são do que isso) não teria qualquer valor. Vou revelar meu top 5 e indicar um disco do escolhido. Só vale gravação de estúdio.
Bill Evans é meu número 1. O disco é On Green Dolphin Street, de 1975, com dois craques do Miles Davis Quintet, Paul Chambers (baixo) e Philly Joe Jones, bateria. AQUI você ouve tudo, faixa por faixa, na versão LP. A grande maioria dos críticos concorda comigo. Bill é o número 1 em quase todas as opiniões.
Earl Hines é um dos gênios do piano em qualquer gênero. Here Comes Earl “Fatha” Hines é o nome do disco escolhido, de 1966, e que se pode ouvir, faixa a faixa, AQUI. Acompanhado de duas feras: Elvin Jones (bateria) e Richard Davis (contrabaixo). Difícil, muito difícil não colocá-lo como o primeirão da lista.
Bobby Timmons é o terceiro lugar. O disco é This Here is Bobby Timmons, que veio ao mundo em 14 de janeiro, há 60 anos. Conheci-o ouvindo Cannonball Adderley, naquele discaço com o irmão, Nat, à corneta. Bobby é gênio. AQUI você pode ouvi-lo, faixa a faixa, e perceber que não há melhor swing nos teclados do jazz. Dê especial atenção a This Here, Dat There e Moanin’. Três clássicos.
Thelonious Monk não precisa ser apresentado a ninguém. É o quarto lugar na minha lista. Um revolucionário que tocava com dedos esticados e balançando incansavelmente as pernas. O disco escolhido é Brilliant Corners, de 1957. As presenças de Sonny Rollins, no sax tenor, e de Clark Terry, no trompete, contam muito para a escolha. Ouça AQUI. Atenção para Pannonnica e I Surrender, Dear.
Dave Brubeck foi o pianista que me levou ao jazz. Time Further Out não foi, entretanto, o primeiro disco desse grande pianista que conheci – mas é, em estúdio, o melhor que conheço. E traz o quarteto original: Paul Desmond, no sax alto; Joe Morello, na bateria, e Gene Wright, no contrabaixo. AQUI, a maravilha, publicada em 1961.