E quando Heavy Metal deixa de ser um subgênero do rock e se torna um clássico da graphic novel – para nós, quadrinhos? E quando figuras como Moebius, Enki Bilal e Milo Manara (sobre quem já escrevi) tornam-se mais importantes e significativos do que Bruce Dickinson, Angus Young e Tony Iommi? Para muita gente, os quatro primeiros citados valem muito mais que a barulhada que os três roqueiros, também citados, produzem. Bem, é questão de gosto, além de compreender que ver é melhor que ouvir.
Ouvi falar na Heavy Metal ao folhear um exemplar de El Vibora, revista espanhola que, infelizmente, não existe mais, e em cuja capa aparecia a figura misteriosa e transgressora de Ranxerox, o grotesco robô punk-humanoide apaixonado pela adolescente drogada Lubna, a quem ele protegia como fosse ela a filha de um Jesus apocalíptico. Ranxerox é filho de italianos: Tanino Liberatore e Stefano Tamburini, mas não nasceu na Heavy Metal, e sim na Cannibale, em fins dos anos 1970. Não, não conheço a Cannibale, infelizmente, mas li sobre ela. A propósito: Ranxerox é esta figura, abaixo (e que tem revista própria, todinha dele):
Quando a Heavy Metal foi publicada em português – meados de 1995 -, pouca gente comemorou. Um tanto quanto desconhecida do público consumidor de quadrinhos (ainda era; hoje, não mais), passou despercebida para muita gente que apreciava as boas histórias – muitas delas distopias – e os desenhos tão psicodélicos quanto geniais. Tenho todos os números da HM brasileira, além dos números especiais em que a aparece a belíssima Druuna, a heroína futurista criada por Paolo Serpieri. Druuna é uma beleza mesmo. Confira:
A edição brasileira da Heavy Metal bateu as botas sem aviso prévio. Foi de repente, deixando um punhado de órfãos sem saber o que fazer, alimentando a vã esperança de que bons ventos soprassem novamente. Não rolou. A revista norte-americana existe até hoje, publicando histórias de ficção científica pouco edificantes, cheias de sensualidade, de horror, de personagens neuróticos e mulheres de beleza inequívoca. Há um filme – homônimo -, canadense, que reúne várias histórias que brotaram na revista. A trilha sonora é tão pesada quanto a película: da voz de Sammy Hagar ao som alucinado do Black Sabbath. AQUI você assiste ao trailler. Desfrute!