Meu querido amigo Sebastião Lyrio, que não é leitor deste blogue – de nenhum blogue, até onde sei -, publicou, em 1982, um volume de contos intitulado Tigres de Papel, obra financiada pela FCAA, ligada à UFES. É um bom livro, carregado de música, cinema, ironia, literatura. Um dos contos, autobiográfico, tem o título O Dia em que Romy Schneider Morreu. É um texto em que personagens masculinos sentem-se derrotados com a morte da musa. Algo previsível? Pode ser, mas a maneira como o narrador expõe a dor (traduzida em bebedeira) é tão nostálgica quanto divertida.
Romy Schneider merece louvores literários – ou histórias em que sua beleza seja reverenciada. É a Áustria em seu esplendor sem música. Neste dia 23, setembro corrente, completaria 79 anos. Não estaria bela e refulgente quanto as fotos abaixo, mas provavelmente manteria acesa a imagem que tivemos dela. O uso do verbo no plural é justo: também tomei algumas cervejas, triste, no que hoje é chamada de Rua da Lama, próximo à universidade federal. Eu, Sebastião Lyrio, e tantos outros que, cada um a seu modo, resolveram homenageá-la. Trinta e cinco anos depois, volto à ativa.
Esqueçam Freud, Mozart, Mendel, Schubert, Wittgenstein, Haydn. O maior patrimônio pessoal da Áustria é Romy Schneider. Claro que estou exagerando, mas não vejo por que ignorá-la como ilustre, parelha com esses senhores citados. Foi uma atriz versátil – de Sissi, a imperatriz adolescente a Manuela, a jovem lésbica de Senhoritas em Uniforme. Sua beleza chegava antes de qualquer protesto que pudesse desqualificar suas performances. Suavizava os rancores, amenizava as posturas raivosas. E Romy ia além da beleza: era uma senhora atriz! Duvida que esta belezura embaixo seja capaz de atuar bem? Então assista a A Piscina, de Jacques Deray, e Morte ao Vivo, de Bertrand Tavernier, um de seus últimos papeis.
A maturidade trágica de Romy Schneider – morte do filho, depressão, suicídio do ex-marido – não impediu que ela continuasse a fazer filmes, mas sensibilizou-a sobremaneira, dificultando seu relacionamento com colegas, diretores e produtores. Morreu aos 43 anos, no apogeu de sua beleza e de sua sensualidade. Nada mais justo que seja a primeira da série Mulheres, que o Ipsis Litteris apresentará com orgulho. É só esperar. E enquanto espera, aprecie as fotos.