Blank & eu: pergunta e paradoxo

A Gazeta | Polícia prende homem que confessou assassinato do poeta Sérgio BlankNeste mês de abril, ano corrente, entrevistei – no meu podcast Vitrine Literária com Francisco Grijó – duas personagens por quem tenho imenso respeito: o poeta e romancista Caê Guimarães e o pesquisador e professor Vitor Cei. O assunto: a poesia de Sérgio Blank, esse senhor ao lado, artista maiúsculo, um dos grandes de sua geração. Sérgio teria feito 60 anos neste mês, caso não tivesse sido acometido de uma tragédia que o fez não estar mais entre nós. Faz falta, sim: em presença e em palavras.

Caso meus seis ou sete leitores queiram saber o que se disse sobre Sérgio Blank e sobre sua produção literária, basta acessar o conteúdo, seja no Spotify, seja no Youtube. Não é, contudo, sobre isso que quero falar, mas sim sobre um livro organizado por esse poeta, intitulado por que você escreve? Sim, com minúsculas. Por uma coincidência, eu e Caê estamos no livro, expondo depoimentos dos motivos que nos levaram a esse triste porém irresistível destino.

O livro, metalinguístico em sua gênese, quer uma resposta – e essa resposta é dada pelos inquiridos da vez, cujos nomes é possível ler (com lupa) na capa, à esquerda. Eis a questão: por que se escreve? Minha resposta foi tão lacônica quanto honesta (e paradoxal): escrevo porque gosto, porque me diverte. E – verdade seja dita – imaginei que minha relação com as mulheres fosse ser facilitada. Engano. As garotas da minha geração, ao menos na época em que comecei a escrever, gostavam de músicos. Escritores eram gente esquisita.

É uma pergunta que não faço a quem eu entrevisto em meu podcast. Não sei se haverá resposta que mereça ser ouvida, ser partilhada. É algo, penso eu, pessoal e intransferível. É a angústia e o prazer, ambas subjetivos, intrínsecos, que só dizem respeito a quem produz literatura. Respostas de jornalistas e de todos os pensadores que lidam com a palavra escrita têm um objetivo: informar, e ainda bem que existe a palavra destinada a isso. Quanto a nós, romancistas, poetas, cronistas, contistas, dramaturgos, bem, digo que, de fato, não interessa por que se escreve – mas o que se produz. Isso, sim, vale a leitura.

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*Copie e cole os links no seu navegador para assistir às duas partes do bate-papo:

PARTE 1

https://www.folhavitoria.com.br/videos/folha-vitoria/vitrine-literaria/lTQbYrPG6Zo

PARTE 2

https://www.folhavitoria.com.br/videos/folha-vitoria/vitrine-literaria/5mQtBCIkXWU

About the author

Francisco Grijó

Francisco Grijó, capixaba, escritor, professor de Literatura Brasileira. Pai de 4 filhas.

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