Esta senhora é a peça chave da Santíssima Trindade do jazz vocal. É a maior cantora do gênero, na opinião deste que escreve. E este é seu melhor disco – dos 58 que possuo. São 38 faixas de vários compositores – priorizando, evidentemente, canções que Ellington compôs ou, com sua orquestra, executou. Destaque para Caravan, Take The A Train, Perdido e Sophisticated Lady. Mas há muito mais. O alcance sonoro + a dicção imaculada + o suingue inimitável + a noção de tempo + a afinação perfeita são ingredientes que Ella Fitzgerald parece ter trazido do berço. É um disco para ser ouvido e reouvido, sempre. AQUI você ouve Perdido.
Ninguém canta Lush Life melhor do que Johnny Hartman. Nem Sarah Vaughan. Nem Ella Fitzgerald, Sinatra ou Sammy Davis. Ninguém. Nessa composição de Billy Strayhorn, Johnny é o campeão. Emoção em primeira linha, levando em seu bojo um talento inequívoco para apressar a melodia (evitando vibratos desnecessários) e ajustá-la ao saxofone sempre espetacular de John Coltrane. Aliás, é o único disco de Coltrane em que há vocais. Não conheço outro. O disco traz 6 faixas que, num certo sentido, comunicam-se – seja pela melodia, seja pelo tema. Atenção especial à citada Lush Life, a Autumm Serenade. E a My One and Only Love, que você ouve AQUI. Espetacular.
Carmen McRae não é tão badalada quanto Ella, Sarah Vaughan e Billie Holiday – mas não deve nada a nenhuma das três. É uma cantora extraordinária, de timbre preciso e afinação segura. E faz com a voz o que quiser – inclusive acompanhar Dave Brubeck no Basin Street East, de Nova Iorque, sem a presença do saxofonista Paul Desmond. Ou seja: é um disco em que piano e voz dialogam, enquanto o baixo de Eugene Wright e a bateria de Joe Morello fazem a cozinha. Uma beleza. Faixas como In Your Own Sweet Way, Ode to a Cowboy, It’s a Raggy Waltz e Travellin’ Blues são daquelas que ficam para sempre. Ouça Oh So Blue AQUI.
Sarah Vaughan é a mais completa cantora de jazz. Clifford Brown, para muitos, é o melhor trompetista do gênero – ultrapassando Miles, Armstrong e Gillespie. Agora junte os dois, e você ouvirá um dos melhores – senão o melhor! – discos dessa sensacional cantora. E um timaço para acompanhá-la. Além de Brown, Paul Quinichette (sax tenor), Roy Haynes (bateria) e Herbie Mann (flauta). E alguns outros, menos citados, mas que não comprometem o resultado – magnífico, aliás. Ouvir Sarah Vaughan cantando Lullaby of Birdland, Embraceable You e April in Paris é uma experiência sensorial única. Ainda mais sob a tutela sonora de Clifford Brown. Ouça, AQUI, o disco completo.
Certa vez me perguntaram quem era o maior de todos os cantores. Sinatra, falei. Eram os anos 1980 e trinta e tantos anos depois, mantenho a fleuma: Frank Sinatra, meu xará, é o maior cantor popular do século que passou. E Count Basie? Foi o dono e senhor de uma das melhores orquestras de jazz que existiram. Só isso. Quer mais? Tem gravações com Sarah Vaughan, Sammy Davis, Bing Crosby e Tony Bennett. Mas esse disco Sinatra-Basie é o que há de melhor, para mim. Destaque para Pennies from Heaven, que você ouve AQUI, e Learning the Blues, AQUI.