Bem acompanhado

Fazer sessenta anos não é para frouxos, dizia Paul Newman, o ator, que morreu aos 83 anos, de câncer de pulmão. Newman não nasceu num 13 de abril, como eu e os senhores abaixo, que me acompanham nessa data. Não, não vou falar deles – mas de mim, mesmo que sem muitos aprofundamentos: a superfície tem lá também seu charme. Aos 60, após 3 esposas, 25 mil cigarros, 12 mil litros de cerveja, 9 livros e 4 filhas, continuo na ativa. Repito: não é fácil. Ah, sim: se você reconheceu, citei Kurt Vonnegut, Jr.

Tenho amigos que, já avôs nessa idade, e aposentados após uma vida de dedicação à labuta e à família, divertem-se curtindo netos, viagens, filmes e livros. São aqueles felizardos que amealharam a sonhada riqueza que lhes proporciona uma folga financeira. Professores não têm esse privilégio – ao menos a maioria deles: os que conheço e que dividem comigo o trabalho de tentar criar interesse em quem não se acostumou – ainda! – a ler. Mantenho-me em sala de aula, fazendo aquilo em que me aperfeiçoei: aulas de literatura.

Claro que o verbo aperfeiçoar soa pretensioso, já que advém da palavra perfeição. Não tenho esse objetivo, e longe disso estou, mas faço minha parte da melhor forma possível, tentando mostrar a importância dos escritores, das obras, das estéticas literárias, do ato de ler e de criar. E dos dois juntos, afinal um e outro, simbióticos, representam o que há de essencial em literatura. Vou em frente, porque é esse meu propósito. E reativo este blogue, porque escrever é minha essência. Ou uma delas.

Só para constar: da esquerda para a direita, e de baixo para cima: Jacques Lacan, Samuel Beckett, Georg Lukács, D. Ivone Lara, , Seamus Heaney, Paulo Rónai, Sérgio Sampaio, Al Green, Thomas Jefferson, Catarina de Médici, Garry Kasparov e este que vos escreve. Quase todos mortos – exceto eu, o enxadrista e o soulman. Como diria, porém, John Maynard Keynes: já que a longo prazo, todos nós estaremos mortos, estarei junto a eles. O prazo, entretanto, não será curto, ilustríssimos amigos!

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Francisco Grijó

Francisco Grijó, capixaba, escritor, professor de Literatura Brasileira. Pai de 4 filhas.

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