At the Village Vanguard, o livro

Livro: Ao Vivo no Village Vanguard - Max Gordon | Estante VirtualLivros sobre música – todos os gêneros possíveis – pululam nas prateleiras das poucas livrarias. Há de tudo: desde biografias de músicos e bandas até manuais de como aprender a tocar instrumentos: do violoncelo à shakuhachi. Todos os gostos são contemplados – o que me tranquiliza, pois o jazz, o rock, a MPB e a música clássica são gêneros que parecem vender bem, já que há títulos em abundância. Em deles é Ao Vivo no Village Vanguard, de Max Gordon. Quem é Max Gordon, afinal? É proprietário da mais tradicional casa de jazz dos Estados Unidos – o Village Vanguard do título. 

Estive lá, nos anos 1990. Assisti a uma apresentação de David Murray, o sopro mais vigoroso desde Benny Golson. Paguei os olhos da cara, tomei duas doses de uísque e não comi nada, porque não se come no Village Vanguard. Bebe-se, fuma-se e ouve-se. Mas quero falar do livro. Max Gordon dá o ritmo, trazendo histórias sobre as figuras que se apresentaram na casa. Do espetacular saxofonista cego Roland Kirk a Dannie Richmond, baterista de Mingus que, emocionado após a morte do amigo, vai até o Village para uma conversa.

Há mais: Sonny Rollins fugindo do palco após metade de uma extraordinária execução; um retrato de Miles Davis, o gênio temperamental, e cantoras do calibre de Anita O’Day e Dinah Washington. Ok, não é apenas música. Há, por exemplo, um capítulo delicioso sobre como Max Gordon usou as segundas-feiras – dias em que o Village não funcionava – para reunir um grupo e conversar sobre qualquer assunto, desde que polêmico. Há apresentações de blues, há um capítulo para Lenny Bruce, o comediante em seu estandape.

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O Village Vanguard é, contudo, uma casa de jazz. É uma grife poderosa: muitos músicos tarimbados apreciavam fazer um disco com a chancela Live at Village Vanguard. Vou citar alguns medalhões: Sonny Rollins, John Coltrane, Bill Evans, Dizzy Gillespie, McCoy Tyner, Bobby Timmons, Wynton Marsallis, Art Pepper, Mal Waldron, Miles Davis. Bem, a lista não cabe na postagem. Vale a pena ler? Claro, desde que você goste de boa música e que aprecie um bom papo sobre ela. Se você se interessou em ler esta postagem, está nessa categoria de leitor. Aproveite, portanto!

About the author

Francisco Grijó

Francisco Grijó, capixaba, escritor, professor de Literatura Brasileira. Pai de 4 filhas.

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