O diretor norte-americano Jay Roach ganhou dinheiro fazendo comédias que agradaram adolescentes e adultos. Exemplos? Os três filmes da série Austin Powers e aqueles em que o genro Ben Stiller é obrigado a enfrentar o sogro Robert De Niro. São bons para rir, mesmo abusando do pastelão em alguns momentos. Jay Roach fez, também, filmes que adultos podem consumir sem medo de não se divertir: o ótimo Trumbo, de 2015, e O Escândalo, de 2019. É justamente nesse último que aparecem as 3 loiras do título.
As três belezuras acima são as peças centrais de Bombshell, que significa, em termos gerais, bombástica. No Brasil, O Escândalo. Bombshell também foi um termo criado por Hollywood para definir mulher muito atraente – e geralmente loira. Da esquerda para a direita: Charlize Theron, Nicole Kidman e Margot Robbie. É claro que você conhece as três. Assim como conhece o tema da película: o assédio sexual que, ao fim e ao cabo, tem a ver com poder. É obra biográfica, quase documental, já que é baseadíssima num fato ocorrido.
O macho opressor, em questão, é Roger Alies, CEO da Fox News, interpretado pelo sempre ótimo John Lithgow. É o canalha que usa o poder para abusar das mulheres, objetificando-as independentemente de serem ou não competentes, de manterem a audiência e de trabalharem mais do que deviam. O cinema precisa disto: tocar numa ferida que, mesmo exposta, em muitos casos torna-se invisível porque, também em muitas situações, o trabalho feminino não é observado. Intoxicadas, as mulheres reagem, e a reação, claro, gera uma boa grana. Mais do que merecidíssima.
Hollywood já havia experimentado o assédio inverso. Muita gente se lembra dos maus bocados que Michael Douglas passou nas mãos de Demi Moore, em Assédio Sexual, filme de Barry Levinson, feito há 30 anos. Jay Roach optou por contar uma história sobre o poder na mídia, principalmente na tevê, ambiente que seduz os americanos. O exercício do poder pode ser perverso e corrompido – mas há um preço para isso, embora nem sempre seja pago. O recém-falecido secretário de estado norte-americano Henry Kissinger dizia que o poder era o afrodisíaco definitivo. Talvez tenha razão, mas esse filme – ainda bem! – o contradiz.