Quino é o gênio da raça. É um monumento argentino, como Borges, Gardel, Maradona, Cortázar, Piazzolla, Perón (e sua Evita), Jorge Bergoglio (hoje Francisco). Não bastasse ser o criador da Mafalda – outro monumento -, falou por gerações. Foi a voz coletiva, o traço que transcendeu, que expôs a ferida. O nome completo: Joaquín Salvador Lavado Tejón, mas pode chamar pelo apelido que o tornou mundialmente famoso. O volume em questão, à direita de quem usa o monitor (para celulares, a configuração pode mudar), tem o sugestivo e óbvio título: Isto não é tudo. Não é, porque Mafalda e sua tribo, por exemplo, não aparecem.
Certa vez ouvi alguém dizer que escrever sobre música é como dançar sobre arquitetura. Ou seja, a arte fala por si. Não há necessidade de se dissertar sobre ela. É mais ou menos o que sinto numa postagem cujo objetivo é tão insosso quanto inútil: escrever sobre o que Quino desenha é algo desnecessário. Muito melhor é – diante de sua arte, deu seus desenhos carregados de sarcasmo, ironia e desprezo por tudo o que é nefando e cruel – ficar cara a cara com o que ele produziu, absorvendo o que há de mais saboroso em seu traço e em seu texto (muitas vezes inexistente, ao menos em palavras). Quino não é para principiantes.
Comprei Esto no es todo, recompilação original de 2002, em Buenos Aires, há algumas semanas. Vou lendo aos poucos, antes de dormir, contendo o riso que se torna gargalhada, caso eu me esqueça de que a madrugada foi feita para o sono. E por falar em riso contido, isto cá embaixo é ou não genial? Eu acho.
AQUI o site oficial dele.