Ahmet Ertegün foi patrão de Pelé, do Led Zepellin, de Ray Charles, de Aretha Franklin e dos Rolling Stones. Está bom para você? Foi chefão, junto com Herb Abramson, da Atlantic Records e do NY Cosmos, compôs várias canções, entre elas o clássico Mess Around, imortalizado pelo citado Ray Charles. Apaixonado por arte moderna, era um colecionador de marca – aquele que consegue, com seu prestígio, embutir valor em obras pouco conhecidas para, mais tarde, ganhar mais dinheiro ainda. Já era rico quando chegou aos EUA. O pai, embaixador da Turquia naquele país, amava a música – assim como a mãe, que levou os filhos a ouvir o que valia a pena.
Sua primeira paixão foi o jazz – que o levou ao ao rhythm and blues e, depois, ao rock, cujo apogeu presenciou e, de certa forma, colaborou para que existisse. O documentário mostra isso. Entrevistas com Mick Jagger, Keith Richards e Robert Plant – que se tornaram amigos pessoais dele – expressam, através do bom humor e com doses cavalares de gratidão, o que Ahmet Ertegun foi capaz de fazer. Não só por eles, mas pela música e por sua difusão.
A gravadora Atlantic é um braço da Warner Music Group, um colosso de produção musical. O jazz, especificamente, ficava sob o guarda-chuva de Nesuhi, irmão mais velho de Ahmet, e também alucinado por música. Foi ele o responsável por virem à superfície discos fundamentais de Charles Mingus, Ornette Coleman e John Coltrane. O dedo de Midas, entretanto, era de Ahmet, cujos olhos viam que o futuro pertencia à juventude e, portanto, ao rock.
Há quem torça o nariz – eu, por exemplo – para o cast da Atlantic, hoje. AQUI você entende o por quê. A questão mais importante é histórica, é o legado, a transformação. O que Ahmet Ertegun construiu não foi somente uma gravadora poderosa e fundamental – mas realmente uma casa, que abrigava filhos distintos, com visões tão distintas quanto. E que fizeram do século que passou, e ainda deste, o registro sonoro do que eles representaram. Só para constar: Ahmet não está mais entre os vivos. Morreu há 18 anos, após uma queda num show dos Stones, quando entrou em coma.
AQUI, o documentário na íntegra, sob a direção de Susan Steinberg. Caso queira saber mais.