Sharon Tate foi assassinada, num 9 de agosto, há 51 anos, por um bando de lunáticos chefiados por Charles Manson. Tinha 26 anos e estava para trazer ao mundo seu filho, fruto da união com o cineasta polonês Roman Polanski. Era impressionantemente bela: o frescor da juventude parecia algo que seria natural quando envelhecesse. Não teve tempo de comprovar isso, lamentavelmente.
Lembro-me de ter assistido, na tevê, ao filme A Dança dos Vampiros, uma comédia sofisticada e ao mesmo tempo escrachada não somente ao ser mitológico em si, mas aos filmes de vampiros, de monstros em geral. Sharon Tate, belíssima, iluminava a tevê, a sala, a casa. Segundo Polanski, que se apaixonou implacavelmente por ela – quem não se apaixonaria? -, era o ser humano mais iluminado que ele conheceu, capaz de unir tranquilidade e autoridade numa mesma frase.
Não era uma grande atriz, embora não chegasse a comprometer. É fato também que não teve tempo de mostrar o talento que Polanski imaginava que ela tivesse. Não importa. O Vale das Bonecas é um filme chatíssimo, mas, nos momentos em que Sharon aparece, a película passa a valer a pena. Interessante é que, no original, Valley of Dolls, o termo dolls refere-se a barbitúricos e antidepressivos muito consumidos por gente de Hollywood. Quase todos fazia uso.
Sharon Tate não era careta – mas não era dada a porralouquices. Ao engravidar, parou de consumir a cannabis, além de ter maneirado na bebida. Foi vítima das fake news, quando da sua morte. Jornais culparam-na por sua própria morte, assim como atribuíram a seu círculo de amizades o horror imputado a ele. Até o Times entrou na onda, sem contar os aproveitadores e os titulares das fofocas do cinema. Um tempo depois, tudo se esclareceu. O que se pode fazer – hoje – é assistir a alguns de seus poucos filmes e experimentar sua beleza, sua simpatia, sua luz.