Se você se der o trabalho de, ao entrar neste blogue, olhar, à direita, encontrará um widget nomeado filme do mês. Neste 1º de maio, dia do trabalhador, em vez de escolher filmes como Novecento, de Bertolluci, ou A Classe Operária vai ao Paraíso, de Elio Petri, ou ainda Eles Não Usam Black-tie, de Leon Hirszman, preferi colocar West Side Story, dirigido por Robert Wise. Para mim, o melhor musical já feito. Pois é: nada tem a ver com a data tão significativa. Mas vou adiante: quem ainda assiste a musicais?
Fiz essa pergunta a alguns amigos. A maioria não só não assiste a musicais como não gosta deles. Alguns se lembraram de Grease, mas foi só. Questionei: e Hair, O Baile, Moulin Rouge? Não somos tão velhos, disseram. Eu, ao longo de minhas centenas de anos, cheguei a escrever sobre um ótimo musical: Robin Hood de Chicago. Além de ótimas cenas hilárias, conta com 3 dos mais importantes cantores populares dos Estados Unidos: Sammy Davis, Jr, Frank Sinatra e Bing Crosby. Pode conferir, AQUI. E quanto a West Side Story, que, por aqui, foi traduzido como Amor Sublime Amor? Resumindo: Romeu e Julieta no século XX; duas gangues rivais na Upper West Side de NY dos anos 1960: os Sharks, porto-riquenhos como os Capuleti, e os Jets, anglo-saxões como os Montecchi.
A história de amor proibido você conhece. A tragédia que se anuncia também. Como o extraordinário musical que é, as coreografias são, por isso, tão extraordinárias quanto. Duas delas merecem estar no panteão das grandes imagens de Hollywood. A cena de abertura tem nove minutos. Sim, você precisa gostar muito de musicais. E deste blogue também. Confira, se tiver paciência!
E, claro, a minha preferida, America, em que o grupo de imigrantes de Porto Rico se divide entre atacar e defender o american way of life, bem como vencer as dificuldades de ser estrangeiro num país que olha somente e sempre para si mesmo. A mulher de roxo, sensualíssima, chama-se Rita Moreno e, no apogeu de sua beleza balzaquiana, tornou-se inesquecível. Ao menos para mim. No filme ela é Anita, namorada de Bernardo, interpretado por George Shakiris (terno preto e camisa lilás). Uma cena bem-humorada, uma crítica aos EUA, um espetáculo visual. Tem 4 minutos e meio: metade da cena anterior. O filme ganhou 10 Oscars. Não sei se isso quer dizer muito, para você. Disto eu sei: essas duas cenas escolhidas significam muito para mim.