Era o ano de 1979 e eu iniciara minha coleção de Gigantes do Jazz, que a Abril Cultural tinha acabado de lançar. Os discos e os encartes eram comprados em bancas de jornal e eu ainda não conhecia bem o jazz, embora reconhecesse minha inclinação para o gênero. Sem contar a inestimável influência de meu querido primo, e também baterista, Marco Antônio Grijó. Sem ele, talvez, o jazz tivesse passado despercebido por mim. Mas aonde quero chegar? A série Gigantes do Jazz apresentou-me Ella Fitzgerald, que por sua vez me apresentou Sunshine of Your Love. Sim, eu cometia a heresia de, aos 17 anos, desconhecer Eric Clapton. Ouvia falar, mas, sabe Deus por quê, não acompanhava sua produção.
A gravação de Ella conta com a participação da orquestra do pianista e leader Tommy Flanagan. É uma gravação de 1969, com 4’25”. Notável, extraordinária. Ella Fitzgerald tem brilho eterno. E quanto a Eric Clapton? A referida canção foi apresentada ao mundo pelo supergrupo Cream, do qual Eric era o guitarrista, em 1968. Os outros componentes, ambos definitivos em seus instrumentos, eram Ginger Baker (bateria) e Jack Bruce (contrabaixo). Quem escreveu, entretanto, a canção? Foi escrita a 6 mãos: Clapton, Jack Bruce e o poeta Pete Brown, que também era roqueiro, mas era bom mesmo com as palavras. Pois não é que o jazz me levou ao hardrock do Cream e, felizmente, apresentou-me Eric Clapton? Então, hoje, dia 30 de março, aniversário deste que é um dos maiores guitarristas de todos os tempos, vai meu presente e minha homenagem:
Assim como sou grato a meu primo, pelo jazz, sou grato a Ella, por Eric. Acho que é assim mesmo que a vida é. E, de preferência, ouvindo Eric Clapton e o Brilho do Sol do seu Amor.
p. .s : Se alguém se interessar pela versão citada de Ella Fitzgerald, é só clicar AQUI.