O melhor do Jazz #12: os livros
Livros sobre jazz há aos montes – ainda bem! Embora se diga que é um assunto que interessa a poucos, eu discordo. A maioria que diz não apreciar o jazz na verdade não o conhece. Ou pode ter sido mal apresentada a ele. Os cinco livros selecionados são, todos, traduzidos para o português. Dois deles foram escritos em nossa língua. Evidentemente – e eu teimo em repetir -, a lista é subjetiva, e composta somente por livros que eu tenha lido. Ou seja: é lista restrita, consumida por quem não é músico, mas por alguém que gostaria de ser.
Joachim-Ernest Berendt era um incansável jornalista apaixonado por jazz. Organizou vários festivais do gênero, incluindo um dos melhores em todos os tempos: o Berliner Jazztage. Nesse livro, O Jazz – do rag ao rock, há uma análise arguta – embora resumida – de cada um dos subgêneros do jazz. Os grandes instrumentistas, os arranjadores essenciais, as inesquecíveis formações – e o mais importante: a história do jazz contada por que era um obcecado. Ao final, como um apêndice, há uma discografia selecionada que serve como guia necessário a quem ouve ou quer ouvir jazz.
O lendário quinteto de Miles Davis era um sexteto quando um dos maiores discos da história do jazz foi concebido. Kind of Blue: a história da obra-prima de Miles Davis, escrito pelo crítico e estudioso do jazz Ashley Kahn, narra, com clareza, os antecedentes e os consequentes da criação modal de um dos maiores gênios do jazz. Das fofocas aos registros oficiais, da natureza de cada um dos envolvidos no processo de concepção do disco. Mais sobre o livro: AQUI.
Um dos primeiros livros que li sobre o assunto foi escrito por Luiz Orlando Carneiro: Obras-primas do Jazz, que saiu pela Zahar e, 1986. Livro de didatismo inquestionável e percepção sensível sobre os grandes nomes do gênero. Um glossário, ao final do livro, com o objetivo de familiarizar o leitor com o vocabulário jazzístico, é um dos pontos altos – sem contar, claro, a abordagem crítica de um dos grandes conhecedores brasileiros do jazz.
Jorge Guinle era uma figura. Playboy riquíssimo, frequentador do jet set internacional, cicerone das estrelas de Hollywood, e apaixonado por jazz. Bem, o livro foi publicado há 70 anos – daí estar desatualizado. À parte esse pormenor, Jorge Guinle era dono de uma coleção de discos invejável, e resolveu, por conta e risco, escrever sobre jazz. Bem, teve ele a vantagem de escrever sobre muitos a quem ele conhecia pessoalmente: Gillespie, Getz, Bill Evans e Roy Eldridge eram seus amigos. Um livro ótimo, com relevantes análises de quem conhecia muito o elemento. Jazz Panorama é um título adequado, e evidentemente subjetivo.
Ainda na faculdade, ganhei, de um amigo querido, Jazz – das raízes ao rock, cuja autora é Lillian Erlich. Bem, o título original é muito mais bacana: What Jazz Is All About. Enfim, o problema de tradução é grave. Por exemplo, traduz-se o disco Live at Village Vanguard, de Coltrane, como Ao vivo na Vila Vanguarda, mas tudo bem. A despeito disso, é um livro delicioso, cheio de informações básicas (para quem não tem intimidade com o jazz) e preciosas (para quem tem). São 12 capítulos que expõem a evolução do gênero, bem como suas mudanças de caminho. O capítulo sobre o be-bop, sob o título de Bird e Diz lideram o movimento é absolutamente sensacional.
Um p.s. necessário: compositores, instrumentistas, arranjadores, trios, quartetos, quintetos, orquestras e gravadoras que tenham surgido depois de 1990 não são contemplados nos livros desta lista. É o senão desta postagem – se é que não há outros.