Cinco vezes Preto
Cinco exemplos, todos eles referências pessoais, sobre o que se discute, além da Covid-19. E tão importante quanto.
Strange Fruit, canção que Billie Holiday imortalizou, nesta gravação ao vivo, de 1959. Para quem não sabe, é uma das canções emblemáticas da luta contra o racismo nos EUA. As “frutas estranhas” são os corpos dos negros pendurados nas árvores, vítimas da perseguição e do ódio brancos.
Adivinhe quem vem para jantar?, filme de 1967, do craque Stanley Kramer. A branca de classe média apresenta o namorado aos pais, figuras conservadoras da elite branca americana. Katherine Hepburn, a mãe, revela, com o olhar, todo o conflito entre a felicidade da filha e a marca elitizada do caucasiano.
Colored Spade, do filme Hair, de 1979, interpretado pela personagem Hud, vivido por Dorsey Wright. A forma como o branco norte-americano vê o negro é expressa de modo irônico, potente, às vezes intencionalmente amedrontador. Uma cena inesquecível. Soul puro!
Nina Simone, a grande artista/ativista, em seu melhor papel: escancarando, musicalmente, a falta – que é o maior patrimônio da negritude norte-americana. Mas ainda há esperança. A gravação é de 1968, um ano emblemático, terrível para os direitos civis nos negros daquele país. A letra de Ain’t Got No, I Got Life você encontra AQUI.
O livro Tenda dos Milagres é, provavelmente, o melhor exemplo de discussão acerca de racismo escrito por Jorge Amado, um contador de histórias que teve o racismo como base para vários romances. Um intelectual negro de nome sincrético (Pedro Archanjo Ojuobá) é perseguido em seu trabalho – a academia – por ter a cor da pele daqueles que não poderiam, sob qualquer hipótese, fazer das ideias seu modo de vida. Um livro para ser lido e relido, e para apresentar às novas gerações que as coisas continuam na mesma. Mas é preciso mudar.